Trilha 02 - Dados, Narrativas e Contranarrativas
Como os dados abertos podem ajudar a minha narrativa

Dados e dados abertos: Por onde começar?


Dados são pequenas observações sobre um determinado contexto. Podem ser públicos, privados, abertos ou não.

Nome, Nome de Usuário, Site, Biografia, E-mail, Telefone, Quantas geladeiras você tem em casa. Tudo isso são dados. Pequenas observações sobre nós que fornecemos quando fazemos o cadastro em uma rede social, como o Twitter ou Instagram, ou quando respondemos ao Censo Demográfico do IBGE.

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Dependendo da política de privacidade e das configurações que o usuário faça, alguns desses dados serão privados e só estarão disponíveis para o próprio usuário e para a empresa responsável pela rede social (ou pelo menos deveria ser assim, né!?), e outros estarão visíveis para todas as pessoas que usam a rede ou não, como o seu nome de usuário ou foto de perfil.

Dados públicos são dados sem restrição de acesso. Mas o termo público também se refere a dados que falam sobre uma população, como são os dados do IBGE, no cenário brasileiro, e também de muitos órgãos governamentais que vêm aderindo a publicização de seus dados. Essas informações têm muita valia quando queremos saber mais sobre nós enquanto sociedade. E é aí que entra o que chamamos de dados abertos ou não.

Dado aberto é todo aquele dado que pode ser manipulado por qualquer pessoa, e para isso ele precisa ser facilmente legível para o computador.

No caso, quando os órgãos dispõem os dados em formato CSV (Comma Separated Values ou Valores Separados por Vírgula) - Veja aqui sobre a diferença entre CSV e Excel - , é um exemplo de dados em formato aberto, visto que é muito fácil acessar dados assim. Porém, se esse órgão dispõe apenas fotos de planilhas ou arquivos pdf, por exemplo, isso dificulta o acesso ao conteúdo, tornando aquilo um dado não aberto, mas ainda assim um dado público.

O que isso quer dizer na prática?

Que se você tem uma tabela com dados sobre a expectativa de vida da população brasileira em determinado período e deseja filtrar os dados para exibir a expectativa de vida considerando a população negra ao longo dos anos, você vai poder fazer isso de forma muito fácil se os dados estiverem em um formato CSV ou até excel. Mas se for uma foto da tabela, NÃO.

Acesse a cartilha sobre dados abertos e saiba mais sobre isso.

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Onde encontrar dados abertos

O http://dados.gov.br/ é um grande portal brasileiro de dados públicos e abertos. Outras fontes interessantes são:

E o que podemos fazer a partir disso? Saber mais sobre a nossa sociedade, sobre pautas públicas, projetos de lei, contrapor argumentos infundados e notícias falsas, fiscalizar o poder público e construir conhecimento cruzando esses dados com as nossas vivências. E é aí que entram as Narrativas e Contranarrativas.

Narrativas são histórias. É aquilo que a gente conta, de forma fictícia, objetivando o entretenimento. Ou contamos de forma verídica, objetivando retratar uma realidade, fatos e observações verídicas.

O que não dá pra fazer é distorcer informações e querer apresentar isso a outras pessoas como sendo real. Isso é construir uma narrativa de forma ilusória, falsa e que resulta nas nossas tão atuais Fake News.

Já as contranarrativas são histórias também, mas com um objetivo específico de contrapor um narrativa já conhecida, de adicionar um novo ponto de vista sobre um assunto de forma a desconstruir um conceito ou preconceito anterior. Um exemplo disso são as crescentes contranarrativas sobre como mulheres podem desenvolver suas carreiras profissionais e ocupar postos de trabalhos diversos, assunto que infelizmente ainda hoje é abordado com discriminação coibindo mulheres a terem obrigações exclusivas ou prioritariamente com a casa e a família.

O Saferlab construiu um super guia abordando o assunto e explicando os caminhos para o desenvolvimento dessa ferramenta tão importante na luta contra a discriminação, online e offline. Conforme o guia alguns tipos de contranarrativas são:

  • Contranarrativas com dados e informações;
  • Contranarrativas de pessoas e projetos inspiradores;
  • Contranarrativas de respostas diretas (Nosso famoso textão!);
  • Contranarrativas invertendo a lógica.

Um dos exemplos presente no guia do Saferlab é a subversão feita com a hashtag #Écoisadepreto que converteu uma frase inicialmente falada com intuito racista em uma campanha enaltecendo realizações de pessoas negras. Acesse Tool Box Crie Sua Contranarrativa! e veja outros exemplos e dicas.

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Vamos fazer?!

Já sabemos o que são dados, narrativas, contranarrativas e de onde tirar dados. Agora nós vamos para a parte prática. E para isso vamos utilizar Python  —  Uma linguagem de programação que permite fazer uma série de tarefas de forma bem simples e o Colab Google  —  Uma ferramenta da Google que permite escrever e executar códigos daí mesmo do seu navegador.

Vamos praticar explorando o assunto educação básica no Brasil. E tá tudo bem explicadinho nesses vídeos super curtos. Segue a trilha que vai dar certo!

1 - Como construir algoritmos sem sair do navegador e sem instalar nada

Link do Colab: https://colab.research.google.com/

2 - Como importar um notebook

Já deixamos um notebook prontinho para você importar no Colab e sair analisando tudo - https://github.com/DeixeViver/eko-dados/blob/master/notebooks/explorandoeducacaobasica.ipynb

3 - Agora vamos salvar o que fizemos né

Se você executou parte a parte do nosso notebook para analisar dados da educação básica de 2012, deve ter se espantando, assim como eu, quando viu que existiam escolas que não tinham sanitário dentro do prédio, ou a quantidade de laboratórios de informática e ciências.

Ter conhecimento sobre esses dados é importante se quisermos falar da educação brasileira, propor projetos nessa área ou construir políticas públicas a fim de melhorar a infraestrutura educacional do nosso país. Existe uma matéria do Nexo Jornal que fala sobre a infraestrutura das escolas, comparando rede pública e privada, inclusive por estado. A matéria foi feita com dados do Censo Escolar de 2018 (que estão disponíveis naquele link maravilhoso do INEP que colocamos na nossa lista lá no início da trilha) e por ter dados mais atualizados do que aqueles que utilizamos na parte prática nos dá uma oportunidade de comparar como os dados mudaram de 2012 pra cá. Será que mudaram?

O que fizemos aqui foi um exercício básico para mostrar como é possível ter acesso a dados abertos. Todas essas dúvidas que você tem agora sobre a infraestrutura das escolas, se falta dinheiro para os banheiros e laboratórios, por exemplo, faz parte do trabalho com dados. Nem sempre conseguimos ter todas as respostas, mas sempre temos novas perguntas e podemos utilizar de outros dados e materiais para tentar cruzar informações de forma a saber mais sobre aquele contexto, como com dados sobre os recursos públicos destinados à educação... Sim, eles existem! Tá vendo aí a importância da abertura dos dados?

Investimentos Públicos em Educação

Mãos à obra!

Qual narrativa com dados você vai construir hoje!?

Extra

Essa uma playlist incrível do Énois Agência de Jornalismo que explica conceitos bacanas sobre como fazer um documentário, mas nós recomendamos para todo mundo que está produzindo conteúdo pensando em narrativas tanto textuais como audiovisuais. Vale o embasamento!

Referências:

Para saber mais:

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